segunda-feira, 15 de maio de 2017

E depois do 13 de Maio?





O Papa Francisco veio a Fátima. Muito se escreverá sobre a sua passagem, marcando geralmente a década seguinte na qual não será crível que o Papa regresse a Fátima, considerando a média de uma viagem por cada 10 anos desde a primeira visita, a do Papa Paulo VI.
Nestes dias subsequentes, ainda a ‘quente’, retenho Sete palavras/Silêncios de Francisco, além do sucesso e da esperança de termos mais dois Santos Portugueses (Francisco e Jacinta Marto).
A primeira expressão é a da sobriedade de Francisco. Não estive no recinto e portanto assisti às Celebrações pela televisão. E pela televisão pareceu-me que Francisco veio como uma pessoa séria, como Peregrino religioso, não como Peregrino profano, ufano ou descomprimido. Veio tenso como qualquer um de nós quando vai ao médico. Não veio em excursão, veio em peregrinação.
A segunda expressão é a anafórica preferência de Francisco pela Periferia. A periferia, sem entrar na complexidade do termo epistemológico, é o espaço cinzento, onde o centro começa a deixar de ser centro, é o espaço de fronteira, é o espaço do limite, é o espaço dos muros. Francisco vaticinava no dia 12 que “seremos peregrinos de todos os caminhos, derrubaremos todos os muros e venceremos todas as fronteiras, saindo em direção a todas as periferias, aí revelando a justiça e a paz de Deus”. Fátima é aquela ágora que não vive só com os Filhos, só com os católicos praticantes. Portanto, Fátima é aquele espaço de periferia também que melhor pode contagiar/irradiar para lá do muro.
A terceira expressão é o silêncio (que o mediatismo considerou longo) na chegada de Francisco à Capelinha. Francisco esteve vários minutos recolhido, de olhos fechados, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima. O mundo apressado dos nossos dias considerou este silêncio longo. Os minutos publicitários das televisões consideraram-no de valor enorme. Mas Francisco mostra que tantas vezes o Silêncio é a melhor Oração. O encontro no indizível entre a Criatura e o Criador, o espaço de nudez, uma imagem de morte para o mundo e de Vida para Deus.
A quarta expressão é o reconhecimento de Maria como revolucionária. Uma revolução que só as Mães e quem Ama conseguem. Disse Francisco em Fátima “Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho”. No mundo que faz a guerra pelo terror, pelo barulho e na rua, Maria é a revolucionária que toca com ternura e com carinho. Vindo de uma das pátrias da Teoria da Libertação, não sendo estranho ao pensamento revolucionário sul-americano e tropical, Francisco reconhece em Maria Aquela que muda tudo com carinho e não com a explosão.
A quinta expressão é a do chicote no Templo. Se Maria revoluciona pelo carinho, Francisco pergunta se Maria é “A ‘bendita por ter acreditado’ sempre e em todas as circunstâncias nas palavras divinas, ou então uma ‘santinha’ a quem se recorre para obter favores a baixo preço?”. Questão teológica, dirão alguns. O pior é que somos nós a respondermos e a caracterizar ou a caricaturizar Maria na nossa atitude de hoje perante os Próximos dos próximos Cem anos de Fátima.
A sexta expressão é a de recordar Maria como Mãe: “Temos Mãe” (na Homilia do dia 13) rejeitando a imagem de uma Hera ou de uma Diana pagãs “segurando o braço justiceiro de Deus pronto a castigar”.
Finalmente, a sétima expressão é o equilíbrio. Francisco veio distinguir, salientar e definir o papel de Fátima na Igreja, de Maria no Evangelho e do Peregrino na Fé. Tornou claro aquilo que de tempos a tempos vem ficando toldado. “E no centro de tudo esteve e está o Senhor ressuscitado, presente no meio do seu povo na Palavra e na Eucaristia. Presente no meio de tantos doentes, que são protagonistas da vida litúrgica e pastoral de Fátima, como de cada santuário mariano.” Disse Francisco, no regresso.

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