domingo, 1 de abril de 2018

Responsabilidade Social num mundo irresponsável


A obrigação da Responsabilidade Social para as Empresas (e inclusive para as entidades não lucrativas) é hoje um tema consensual nas academias. Vivemos num mundo de exposições permanentes e todos os ‘stakeholders’ de uma empresa querem saber mais do que o sugerido pelo rótulo do produto, pelo flyer de promoção ou pela opinião dos vizinhos. Assim, queremos saber que acções ‘de alcance social’ as empresas que trocam bens e serviços pelo nosso pagamento fazem, que objectivos éticos perseguem e que preocupações ambientais detem. No fundo, queremos ‘responsabilizar’ a empresa também com as nossas preocupações.
Por outra via, é parte integrante do ‘triângulo da sustentabilidade’ de qualquer entidade a ‘sustentabilidade institucional’. Esta dimensão obriga a que qualquer empresa tenha de desenvolver redes ativas e valorizadoras da sua própria actividade. Não basta a empresa perseguir lucros, clientes ou públicos. Ela tem de se relacionar com entidades públicas, com instituições da Economia Social, com grupos de cidadãos empenhados em causas. Qual o risco se não o fizer? Para lá do desaparecimento de ganhos potenciais deste relacionamento alargado, se a empresa não o fizer corre sérios riscos de estiolar nos seus objectivos, de perder contato com grupos primários e de passar a ser vista como uma entidade mesquinha. Como uma espécie de casa por arejar, cujas janelas não se abrem ou cujas portas não servem nem para entrar nem para sair.
Finalmente, a Responsabilidade Social recorda-nos que – numa longa linha do Pensamento Europeu – onde a Igreja e homens como Santo Alberto Magno ou São Tomás de Aquino deram passos essenciais – nada nem ninguém é restrito ao interesse imediato, particular ou avaro. Pelo contrário, tudo e todos tem uma prioridade colectiva e uma vocação universal. Assim, o mundo empresarial não se limita ao lucro ou ao oportunismo de outros conceitos como empreendedorismo, inovação ou mercado, tantas vezes inoportunamente abordados. Ao invés, mesmo o mundo empresarial, com uma discussão tantas vezes tão privatizada, detem uma Responsabilidade para com as Sociedades múltiplas que compõem a nossa Sociedade – integrando-as e alcançando-as, mas também detem uma Responsabilidade com as Sociedades que nos espreitam a partir do Amanhã. Não esquecendo o reconhecimento pelo legado de Património (Tangível e Intangível), de outros Ativos e de outros Esforços que as Sociedades passadas deixaram à comodidade que hoje usufruímos. A Empresa que reconhece estas dimensões é responsável. E é-o num mundo que muitas vezes pauta pela distracção, pelo desperdício e, no fim, pela irresponsabilidade.