A obrigação da Responsabilidade
Social para as Empresas (e inclusive para as entidades não lucrativas) é hoje
um tema consensual nas academias. Vivemos num mundo de exposições permanentes e
todos os ‘stakeholders’ de uma empresa querem saber mais do que o sugerido pelo
rótulo do produto, pelo flyer de promoção ou pela opinião dos vizinhos. Assim,
queremos saber que acções ‘de alcance social’ as empresas que trocam bens e
serviços pelo nosso pagamento fazem, que objectivos éticos perseguem e que
preocupações ambientais detem. No fundo, queremos ‘responsabilizar’ a empresa
também com as nossas preocupações.
Por outra via, é parte integrante
do ‘triângulo da sustentabilidade’ de qualquer entidade a ‘sustentabilidade
institucional’. Esta dimensão obriga a que qualquer empresa tenha de
desenvolver redes ativas e valorizadoras da sua própria actividade. Não basta a
empresa perseguir lucros, clientes ou públicos. Ela tem de se relacionar com
entidades públicas, com instituições da Economia Social, com grupos de cidadãos
empenhados em causas. Qual o risco se não o fizer? Para lá do desaparecimento
de ganhos potenciais deste relacionamento alargado, se a empresa não o fizer
corre sérios riscos de estiolar nos seus objectivos, de perder contato com
grupos primários e de passar a ser vista como uma entidade mesquinha. Como uma
espécie de casa por arejar, cujas janelas não se abrem ou cujas portas não
servem nem para entrar nem para sair.
Finalmente, a Responsabilidade
Social recorda-nos que – numa longa linha do Pensamento Europeu – onde a Igreja
e homens como Santo Alberto Magno ou São Tomás de Aquino deram passos
essenciais – nada nem ninguém é restrito ao interesse imediato, particular ou avaro.
Pelo contrário, tudo e todos tem uma prioridade colectiva e uma vocação
universal. Assim, o mundo empresarial não se limita ao lucro ou ao oportunismo
de outros conceitos como empreendedorismo, inovação ou mercado, tantas vezes
inoportunamente abordados. Ao invés, mesmo o mundo empresarial, com uma
discussão tantas vezes tão privatizada, detem uma Responsabilidade para com as
Sociedades múltiplas que compõem a nossa Sociedade – integrando-as e alcançando-as,
mas também detem uma Responsabilidade com as Sociedades que nos espreitam a
partir do Amanhã. Não esquecendo o reconhecimento pelo legado de Património
(Tangível e Intangível), de outros Ativos e de outros Esforços que as
Sociedades passadas deixaram à comodidade que hoje usufruímos. A Empresa que
reconhece estas dimensões é responsável. E é-o num mundo que muitas vezes pauta
pela distracção, pelo desperdício e, no fim, pela irresponsabilidade.
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