O microcrédito introduziu novas oportunidades para negócios,
desenvolvimento socioeconómico e empreendedorismo em todo o mundo. Como
consequência, existe um número crescente de estudos discutindo os efeitos de
iniciativas de microcrédito na vida dos mutuários, no bem-estar de suas
famílias, e nos níveis de desenvolvimento dos espaços socioeconómicos em redor.
No entanto, a sustentabilidade das empresas financiadas por
ferramentas de microcrédito emergiu como um tema complexo. Há um número
significativo de exemplos de muito sucesso em todo o mundo que tiveram/têm
dezenas de anos de atividade. Mas a maioria dos dados identifica uma
expectativa de vida curta para iniciativas financiadas por microcrédito,
identificadas como microempresas ou microiniciativas.
Alguns padrões foram observados em todo o mundo em
microempresas / pequenas e médias empresas (PME) suportadas por microcrédito.
Estes projetos tendem a ser negócios baseados numa alta rotatividade (ou seja,
com altas taxas de mortalidade e nascimento), os empresários são proprietários
únicos, geram baixa receita fiscal e são geridos por empreendedores com
recursos administrativos limitados. Essa combinação de características tem sido
observada como um conjunto de causas que explicam a curta sobrevivência dessas
iniciativas.
Foi
publicado, já em 2020, na Applied
Economics o meu estudo “On the different survival rates of Portuguese
microbusinesses – the case of projects supported by microcredit”. Aí
revelo que existem fontes de interesse adicionais para o caso português de
microempresas ou PME financiadas por microcrédito. Existem características
pessoais da(o) microempresária(o) consideradas como estatisticamente relevantes
para o sucesso do projeto que ainda não foram devidamente debatidas na
literatura. Evidência equivalente foi debatida em relação ao peso dos custos -
nomeadamente fiscais. Mas também dos custos de localização.
E aqui os microprojetos ensinam-nos que locais vizinhos
geram taxas de sobrevivência muito diferentes. Porque uns olham para os empreendedores
locais como fonte de valor, de preservação cultural mas também de estímulos de
inovação. Outros olham para os microempreendedores locais como o parente pobre
que mancha a família, a feia da fotografia ou – em reminiscências maoístas
vá-se lá saber porquê – como o atavismo vindo do Passado que como uma árvore
incómoda importa abater na paisagem.
Por isso, Business Centers como o Brigantia EcoPark – em
Bragança - crescem em valor, em emprego gerado e em contratos celebrados.
Fazendo de microempreendedores e de microempresas iniciativas de sucesso que
atraem do melhor para o interior do país.
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