sábado, 28 de março de 2020
O Covid19 e a resposta atual da Comissão Europeia
Na sequência do anúncio da Presidente da Comissão Europeia, na passada
sexta-feira, do pacote de medidas para mitigar os efeitos económicos do
Covid19 na Europa, destaco 3 linhas de debate: levantamento da ‘regra do
défice’, o que não tem tanto de keynesiano como pode parecer,
acentuação das Políticas de Emprego necessárias e aposta do Orçamento
Europeu na Saúde, no Emprego e nas Empresas (isto é, na Saúde e na
Economia no imediato, ficando aparentemente as outras Políticas Sociais e
o Estado Social em expectativa...) Sobre estas 3 linhas de ação, deixo 3
comentários muito breves. 1) neste cenário de Economia de Guerra isto
permite aos Estados gastar mais. Obviamente, vamos pedir também mais
responsabilidade aos Estados, sobretudo para gastar bem e para gastar
connosco. Com certeza vai haver prioridades na afetação e nos grupos
visados, mas este levantamento da regra do défice tem um limite natural -
a capacidade dos Estados em termos de liquidez fiscal, isto é, até ao
momento os Estados faziam despesa corrente suportada na receita corrente
dos últimos 5 a 6 meses mais a emissão de dívida de curto prazo. Como
sabemos, Estados com dívida baixa tem naturalmente mais liquidez (um
pouco como a proporcionalidade das reservas de tesouraria das grandes
empresas); Estados com dívida alta tem menor capacidade de liquidez o
que pode colocar em cena situações próximas das que tivemos em 2009...
Daí que alguns economistas como eu tenham pedido emissões de Eurobonds
para suportar este endividamento mais que necessário 2) Se o sinal das
políticas públicas for o de promover o Emprego, à partida os estímulos
escondidos ao desemprego (quer na Procura quer na Oferta) ficam
atenuados no texto - no entanto receio que não o fiquem na prática pois
tenho sido informado de muitas empresas que vão aproveitar a situação - o
que infelizmente era previsível - para fechar portas. Sempre aconteceu
nestes cenários de guerra e pandemia, assim como - também devemos
recordar - o crescimento futuro foi uma evidência (...o importante é
sobreviver para chegar a essa terra prometida...) 3) foi anunciado um
Reforço do Orçamento Europeu nas áreas expectáveis, mais pressionadas -
Saúde e Economia. Aqui levanto algumas reservas pois também em pandemias
e guerras houve muita gente a crescer alicerçada no Estado. Basta
recordar como os monopólios industriais norte-americanos cresceram
sempre com as guerras, basta recordar como ainda que valendo 3% do PIB
europeu, o Orçamento Europeu acomoda sempre mais facilmente os
interesses do eixo Paris-Frankfurt e basta lembrar como alguns comem
sempre à frente dos outros. #fiqueemcasa■
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário