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A mensagem política é algo belo! No início, era o Verbo – a vontade de criar, de compor, de melhorar. A mensagem política anda em torno desse Belo que é Verbo. Já os Romanos escreviam nas paredes mensagens de apoio ou de censura. A imprensa liberalizou as ideias, desenvolveu a Europa, criou a necessidade da alfabetização de todas as camadas. Mas só com a competição partidária nos sistemas parlamentares surgiram os Manifestos que depressa, no período clássico das nossas Democracias Modernas, se tornaram jóias da análise social, da estratégia política e do contágio das ideias. Alguns ainda hoje nos empolgam, volvidos quase duzentos anos. Porquê? Porque escreveram sobre a dor daqueles homens e mulheres que, no fundo, dois séculos depois, é também a nossa dor – a dor do Pobre que sabe que há tanto de Bom em redor e para o qual ele e a família contribuíram e de onde ele e a família estão afastados, a dor do Injustiçado que sabe que não recebe o mesmo direito ao respeito que outros que abusam desse direito, mas também a dor do Mortal que carrega sonhos maiores do que o seu tempo.
Esses manifestos eram impressos, circulavam entre o unto das mãos cansadas ou oleadas do trabalho, entre o medo e também entre a esperança. A mensagem que liberta carrega sempre esse calor maior, tão grande que queima quanto toca mesmo em nós.
Hoje, na era digital, a mensagem política tem algo de ágil mas também de efémero. Ágil porque circula rapidamente; efémera porque rapidamente se desfaz, ainda que partilhadas algumas vezes. Tem algo de tocante como um ‘like’ que se aposta, tão cândido quanto inconsequente. Mas também tem algo de circunstancial, pois num oceano de imagens coloridas, sensuais, admitidas pela censura das plataformas, estereotipadas pelos algoritmos, filtradas pelas preferências das semanas anteriores, depressa naufraga entre tantas distrações.
E no entanto há todo um mundo de cidadãos, eleitores ou não, info-excluídos ou não, que pedem mais de uma mensagem política do que um post lido na diagonal, do que uma crítica ácida repetida por perfis ácidos, do que as vénias artificiais em perfis inócuos de assessores que roubam frases dos citadores ou do Pedro Chagas Freitas. São cidadãos forjados na escola dos valores, que prezam a palavra honrada, o respeito que sentem pela sua dor (que é a sua terra, a sua família, o seu país, ou tão só a sua alma). São cidadãos que leem o manifesto do olhar que os cheira, da esperança que os levanta, do sonho que veem concretizados. Não esperam lugares para os filhos ou parentes, nunca visitaram lugares de poder público. Mas no fim do dia seguem o Manifesto daquele que mais do que parecer-se com eles, toma o seu projeto de vida e faz dele um Manifesto para a Sociedade.
Nesse momento, o Cidadão não precisa de tomar o Poder. Nesse momento, o Cidadão não berra por mais Poder. Porque nesse momento o Cidadão percebeu que só tem usufruído, só tem usado e só tem percebido uma milésima parte do Poder que a Democracia lhe deu. Esse é o papel libertador da verdadeira Mensagem Política – venha ela do Norte ou do Sul, da Esquerda ou da Direita. Do Evangelho ou da rua. Nesse momento, o Cidadão é o centro da democracia e a democracia regressou ao Cidadão.
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