Todos os partidos precisam dos independentes. Os independentes votam, os partidos precisam de votos, logo os Independentes são necessários aos partidos.
Mas muita gente tem medo dos Independentes. Os independentes são cidadãos – a maioria da população eleitoral (a larga maioria, diga-se) – que não são afiliados a nenhum partido político, nunca foram ou, se foram, desfiliaram-se e já não estão inoculados com nenhuma agenda partidária. Sendo a maioria da população, as razões para um cidadão ser Independente segue o princípio da Lei Normal – portanto, no geral, são tantas as causas quantos os indivíduos; diferente é ser-se minoria de uma população ou amostra, onde podem ser testadas causas específicas para tais características específicas. Vários estudos mostram que, dentro das mil e uma causas para se ser/manter Independente, existem razões como a dedicação à família, ao trabalho, ao estudo, à investigação; à equidistância aos manifestos partidários; o conforto; o respeito por todos os partidos; o reconhecimento da valia de muitas ideias em muitas propostas de muitos dos políticos do leque partidário.
Mas muita gente – nas minorias partidárias – tem medo dos Independentes. Como os leninistas tinham medo dos moderados, os Radicais no Terror da França receavam os conservadores, ou os sunitas olhavam com desconfiança dos xiitas. As minorias instaladas percebem que a Lei dos grandes números, mais cedo ou mais tarde, se fará impor e a vontade, a qualidade e o prestigio das maiorias não poderão ficar silenciados se as referidas minorias não souberem servir a comunidade como um todo. Tem medo do Independente o que toda a vida andou a buzinar por um partido e tem a ambição cega de ganhar por ganhar. Tem medo do Independente o neurótico que duvida que há mais vida, economia, riqueza e valor para lá do partido. Tem medo do Independente aquele que tem medo do debate, de quem pensa para lá da forma doutrinária, no fundo, daquele que dele pensa diferente, daquele que olhando a mesma realidade percebe que a mesma pode ser bem mais atractiva, investida e de qualidade.
Mas também há muitos, dentro das minorias afiliadas partidariamente, que não têm medo dos Independentes. Independentes que são a maioria dos cidadãos que a esta hora tomam o pequeno-almoço de pé, que esperam um autocarro, que ligam o televisor e que desfolham o jornal. Esses cidadãos que vão para as fábricas, para as universidades, ou para a praia pensam, tem ideias, tem problemas e vontade de os solucionar. Que com as suas soluções oxigenam os partidos, dão-lhes votos assim como dão receitas ao Estado. Esses cidadãos independentes esperam por políticos que saibam concretizar essas soluções – porque o destino maior de um cidadão com cargos políticos é de solucionar. A sociedade tem os problemas, dos políticos esperam-se as soluções (Mazarino).
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