Uma das fórmulas mais estudadas
na gestão da carteira de investimentos de risco é a fórmula de Kelly. Esta
fórmula indica que em situações arriscadas devemos apostar mais se esperamos um
retorno maior ou se a probabilidade de sucesso também for maior.
No entanto, está provado que esta
fórmula conduz muito depressa a ficarmos milionários ou a ficarmos sem nada.
Como leva a que as pessoas invistam muito quando estão cheias de confiança, faz
com que muito se perca quando se aposta no cavalo errado, na ação errada, ou na
‘odd’ incorreta.
Os gestores prudentes usam
mecanismos de desconto que fazem com que a probabilidade de sucesso não pareça
tão alta nem o retorno se afigure tão generoso. Os gestores ‘all-in’ apostam
tudo e no fim pedem a nacionalização do banco.
Dada a proximidade das campanhas
autárquicas, este problema coloca-se a cada eleitor. E se existe uma questão
que vem tirando o sono a muitas pessoas é “Quantas palmas devo bater no comício
do Candidato A?” e/ou “Quantas palmas devo bater no comício do Candidato B?” Ou
Candidato C, D e E?
Pois bem, se a confiança na
vitória do A for grande e o retorno que espera (por exemplo, uma nomeação, uma
assessoria, ou um lugar de quadro) for também grande, deve apostar muito. Deve
bater muitas palmas no comício do A, deve levar bombos e famelga, até deve
organizar a campanha dele. Obviamente, sobrar-lhe-ão poucas palmas para o
candidato B, para o C, ou para o D.
Mas se a confiança na vitória do
A for baixa e/ou se não esperar grande coisa das promessas dele (ou dela),
então deve bater poucas palmas no comício do A. Não vá colocar todas as fichas
na casa errada e sair-lhe a do lado. Aí, como bom investidor que não coloca os
ovos no mesmo cesto, deve guardar umas palminhas para outros candidatos: comece
por guardar algumas para os da sua cor política nos concelhos vizinhos, depois
para os da vizinhança ideológica do seu concelho, e por fim, aposte às cegas
algumas palmas. Por vezes, as gerigonças ganham, o Tondela empata, e o burro
cansado chega ao fim na corrida da Almodena.
O problema com esta fórmula é que
depressa ficará milionário em termos políticos, colecionando um excelente
capital político, ou então ficará um pária e terá de procurar alojamento
político, camarário ou até social nos territórios vizinhos.
Na realidade, como tenho vindo a
analisar, as eleições mexem com as migrações a nível europeu. E se em anos de
eleições normais a taxa de emigração abranda, já dois anos depois, com as
nomeações feitas e alguns contratos resolvidos, a emigração tende a aumentar. Porque
uma das belezas da vida eleitoral democrática é a de gerir ciclos de sonho e de
esperança, intercalando-os com os de desilusão e deceção. Afinal, há ciclos
políticos nas migrações. Para lá, das migrações dos lugares de vereação,
nomeação e assessoria.
Portanto, quantas palmas vão
bater em cada comício?
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