A população
idosa na diocese de Vila Real (com mais de 65 anos) é uma população que
merece/exige uma atenção (uma ‘Ágape’) por parte dos Próximos: indivíduos em
idade ativa ou em idade de amadurecimento, instituições públicas, empresas e
instituições da denominada Economia Social.
De acordo com dados
oficiais (INE/PORDATA), é atualmente composta por 47242 indivíduos, chegando
nalguns municípios a valer quase 30% dos residentes. Ainda que escasseiem dados
com detalhe necessário, espera-se que o rendimento médio de cada uma destas
pessoas ronde os 400 euros, o que representa 35% da média do rendimento nacional
– portanto, cada uma destas pessoas à partida tem menor poder de aquisição do
que outro cidadão nacional. Como reflexo, resultados recolhidos por inquéritos
nacionais, mostram a população idosa insatisfeita ou muito insatisfeita com o
poder de compra.
A maioria desta
população (98% para os homens e 77% para as mulheres) é composta por pensionistas,
isto é, por pessoas cuja fonte principal de rendimento são figuras de Pensão,
isto é, transferências unilaterais do Estado por motivos de compensação da
contribuição direcionada durante a vida contributiva, pela acumulação diminuída
de capitais ou poupanças ou por compensação das consequências derivadas de
acidentes diminutivos da produtividade esperada.
Ainda que os
dados diretos escasseiem, a ação económica destas pensões é visível e
importante (ou muito importante) no desenvolvimento da região. Por uma via,
estas pensões – dado o valor caraterístico – vão maioritariamente para fins de
consumo próprio que em não raras vezes se canaliza para consumo do agregado
familiar (cônjuge, filhos e netos). Adicionalmente, contribuem para a dinâmica
da Poupança na região (tradicionalmente uma região que Poupa mais – que
deposita mais nos Bancos – do que se endivida). Finalmente, e considerando só
os fluxos mensuráveis, a ação económica estende-se ao esforço redistributivo em
muitos casos, pois os idosos da diocese de Vila Real ajudam (“dão dinheiro”) a
filhos desempregados, suportam despesas associadas aos filhos e até à educação
dos netos. Portanto, desde logo, o dinheiro destes idosos é importante para a
região.
Nesta súmula,
gostaria ainda de invocar dois pontos: a importância maior destas Pessoas para
o Desenvolvimento Sócio-Económico da Sociedade e da Igreja da região e
finalmente os alarmes que algumas destas Pessoas nos deixam.
Estas Pessoas –
numa visão metafórica/Exegética – são Sacrários. São ‘pontes’: entre a Igreja
mais militante nas décadas passadas, com a sua Riqueza de Tradições, de
Concepções do Homem e do Social, mas também com os seus Desafios próprios de
uma visão de um mundo atual que pode ‘escandalizar’ alguns. São Igreja mas
também precisam da Igreja para não se desintegrarem nestes choques. São
importantes para o Desenvolvimento do País pois, além da afetividade e do
carinho que proporcionam como imagem e como presença junto dos outros, permitem
uma leitura crítica dos ritmos, das escolhas e dos valores.
Finalmente, os
alarmes. A maioria dos Pobres (naquilo que o conceito tem de violento e
complexo) são idosos em Portugal. Também o mesmo acontece na Diocese.
Fazemo-los Pobres quando os desvalorizamos, quando lhes negamos conforto e
consumos básicos (mas também impostos, como as necessidades digitais) e quando
os obrigamos a transportes longos para centros de saúde por exemplo. Fazemo-los
Próximos quando, como o Bom Samaritano, descemos dos nossos ritmos, caminhamos
até eles, sentimos a sua carne (na alegria e no sofrimento) e acompanhamos a
sua recuperação/valorização.
Paulo Reis Mourão. Vila Real, 17
de setembro de 2018
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