O momento do Investimento não é um momento aleatório. Não
decidimos comprar uma casa no meio do sono ou porque escorregamos na rua. Quando
se realizam investimentos – quer individuais quer públicos – o momento em que o
“processo de investimento” decorre não é um período aleatório. Pelo contrário,
desde o momento de observação e estudo dos custos de oportunidade, até à
avaliação do retorno, passando pela oportunidade da decisão, pela especulação
junto dos restantes agentes no mercado – desde outros investidores até
eventuais parceiros para completar o financiamento e o suporte nas fases
posteriores – quando se Investe joga-se, pois, também com o momento.
Como o jogador de Sueca sabe, por vezes mostrar trunfos é
oportuno e noutras uma infantilidade. O investidor bolsista sabe-o também.
Recolhe informação durante a noite para decidir a melhor estratégia na abertura
das bolsas; olha a evolução ‘intraday’ para decidir se aquele ‘preço’ está
muito alto ou se pelo contrário está muito baixo e se será uma boa opção. Os
clubes de futebol não correm todos a adquirir os passes do João Félix no dia 1
de julho como também sabem que ter casos Bruno Fernandes pode comportar custos
de armazenamento/depreciação do stock.
Inclusivé, a Ciência Política sabe que o Investimento –desde
o anúncio ou a promessa de anúncio até à finalização e acompanhamento dos
retornos públicos e sociais – obedece a um calendário estratégico que se cruza
com a agenda eleitoral e com a gestão de prestígio e de capital político dos
envolvidos.
No entanto, há situações em que o Investimento nunca mais
surge – a noiva nunca mais casa, as Auto-estradas deixam de ser feitas, o Bruno
Fernandes acumula vermelhos no campeonato. A Bolsa fecha dia após dia no
vermelho, os investidores saem para outras paragens que crescem em tamanho, em
desenvolvimento, até em ânimo dos agentes económicos. Porque o Investimento –
como diversos autores da Economia sabem – tem esse efeito pitoresco de nos
animar. O Belo conduz ao Bem; ao invés, cidades que se degradam, casas que se
abandonam, ruas devolutas, barbas que não se aparam, vinhas que não se vindimam
ou chamadas para o lugar de Ministro – ou até para jantar um francesinha - que
não se fazem/recebem levam à desvalorização – isto é, ao momento em que se
perde Valor na Economia, especificamente no Capital Financeiro, no Capital
Politico e no Capital Social. O investimento que nunca mais chega pode inclusive
dar lugar ao desinvestimento que é a deslocação de fábricas, empregos, atenção
e orgulho. E onde outrora se rezava ao Senhor agora não passa da abandonada
capela da Senhora da Ribeira. Onde outrora foi uma casa com uma mesa onde o
casal jantava o caldo com seis filhos parece um castanheiro rodeado de hera na
paisagem em Vinhais. Onde outrora tínhamos uma grande promessa do futebol
mundial vai ficando na expetativa de um defeso onde tudo corra bem.
Enquanto isso, a caravana passa ao longe nas estradas cada
vez mais modernas e dinâmicas onde cai o investimento. E no entanto como
Saint-Éxupery sabia, onde se permanece, aí se investe. Aí se deixa Capital –
que é o cofre onde guardamos os nossos Valores, isto é, os nossos esforços, o
nosso custo. Que até pode ser monetário ou financeiro. Mas em muitas mais vezes
é em Atenção, Presença, Calor e Amizade.
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